ID-10044355Uma doença degenerativa que afeta memória e outros domínios cognitivos mas que possui tratamento.

Utilizamos para o tratamento o novo Protocolo RECODE  Saiba mais

O Alzheimer é a principal causa de demência em pessoas acima de 50 anos, caracterizada por acometimento da memória e posteriormente de outras funções.

O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o avanço da doença, melhorar alguns sintomas, controlar as alterações de comportamento e proporcionar conforto e qualidade de vida ao idoso e sua família.

Foi descrita, pela primeira vez, em 1906, pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome.

É a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Atinge 1% dos idosos entre 65 e 70 anos mas sua prevalência aumenta exponencialmente com o passar dos anos, sendo de 6% aos 70, 30% aos 80 anos e mais de 60% depois dos 90 anos.

 

Prevalência

No mundo o número de portadores da Doença de Alzheimer é de cerca de 25 milhões, com cerca de 1 milhão de casos no Brasil (dados de 2009) e cerca de 100 mil em Portugal.

Existe uma relação inversamente proporcional entre a prevalência de demência e a escolaridade. Nos indivíduos com oito anos ou mais de escolaridade a prevalência é de 3,5%, enquanto que nos analfabetos é de 12,2%.

Sintomas

Cada paciente sofre a doença de forma única, mas existem pontos em comum, por exemplo, o sintoma primário mais comum é a perda de memória. Muitas vezes os primeiros sintomas são confundidos com problemas de idade ou de estresse. Quando há suspeita de Doença de Alzheimer, o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos e radiológicos. Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como desorientação temporal e espacial, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade. Antes de se tornar totalmente aparente a doença vai se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se não diagnosticada e assintomática durante anos.

Evolução

Os primeiros sintomas são muitas vezes falsamente relacionados com o envelhecimento natural ou com o estresse. Alguns testes neuropsicológicos podem revelar muitas alterações cognitivas até oito anos antes de se poder diagnosticar a doença. O sintoma primário mais notável é a perda de memória de curto prazo (dificuldade em lembrar fatos aprendidos recentemente); o paciente perde a capacidade de dar atenção a algo, perde a flexibilidade no pensamento e o pensamento abstrato; pode começar a perder a sua memória semântica. Nessa fase pode ainda ser notada apatia, como um sintoma bastante comum. É também notada uma certa desorientação em relação a tempo e espaço. A pessoa não sabe onde está nem em que ano está, em que mês ou que dia. Quanto mais cedo os sintomas forem percebidos mais eficaz é o tratamento e melhor o prognóstico.

Com o passar dos anos, conforme os neurônios morrem e a quantidade de neurotransmissores diminuem, aumenta a dificuldade em reconhecer e identificar objectos (agnosia) e na execução de tarefas previamente aprendidas (apraxia).

A memória do paciente não é afetada toda da mesma maneira. As memórias mais antigas, a memória semântica e a memória implícita (memória de como fazer as coisas) não são tão afectadas como a memória de curto prazo. Os problemas de linguagem implicam normalmente a diminuição do vocabulário e a maior dificuldade na fala, que levam a um empobrecimento geral da linguagem. Nessa fase, o paciente ainda consegue comunicar ideias básicas. O paciente pode parecer desleixado ao efetuar certas tarefas motoras simples (escrever, vestir-se, etc.), devido a dificuldades de coordenação.

A dificuldade na fala torna-se evidente devido à impossibilidade de se lembrar de vocabulário. Progressivamente, o paciente vai perdendo a capacidade de ler e de escrever e deixa de conseguir fazer as mais simples tarefas diárias. Durante essa fase, os problemas de memória pioram e o paciente pode deixar de reconhecer os seus parentes e conhecidos. A memória de longo prazo vai-se perdendo e alterações de comportamento vão-se agravando. As manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de agressividade ou resistência aos cuidados. Aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvem ilusões e outros sintomas relacionados. Incontinência urinária e fecal pode aparecer.

Fase terminal

O paciente está completamente dependente de seus cuidadores. A linguagem está agora reduzida a simples frases ou até a palavras isoladas, acabando, eventualmente, em perda da fala. Apesar da perda da linguagem verbal, os pacientes podem compreender e responder com sinais emocionais. No entanto, a agressividade ainda pode estar presente, e a apatia extrema e o cansaço são bastante comuns. Os pacientes vão acabar por não conseguir desempenhar as tarefas mais simples sem ajuda. A sua massa muscular e a sua mobilidade degeneram-se a tal ponto que o paciente tem de ficar deitado numa cama; perdem a capacidade de comer sozinhos. Por fim, vem a morte, que normalmente não é causada diretamente pela doença, mas por outro fator externo facilitado pela doença (pneumonia, por exemplo).

Fisiopatologia

A doença ocorre devido à existência de placas senis (hoje identificadas como agregados de proteína beta-amilóide) e de emaranhados neurofibrilares (hoje associados a mutações e consequente hiperfosforilação da proteína tau, no interior dos microtúbulos do citoesqueleto dos neurónios), levando à degeneração neuronal.

Ocorre atrofia generalizada, com perda neuronal específica em certas áreas do hipocampo, (estrutura relacionada à memória) mas também em regiões parieto-occipitais e frontais. Os sinais e sintomas dessa doença estão associados à redução de neurotransmissores cerebrais, como acetilcolina, noradrenalina e serotonina. O tratamento para Doença de Alzheimer é sintomático e consiste justamente na tentativa de restauração da função colinérgica, noradrenérgica e serotoninérgica.

Evolução

A doença evolui com piora lentamente progressiva da cognição, com um período em média de oito anos entre o início e seu último estágio. Com a progressão da doença, o paciente passa a não reconhecer mais os familiares ou até mesmo a não realizar tarefas simples de higiene e vestir roupas. No estágio final necessita de ajuda para tudo. Os sintomas depressivos são comuns, com instabilidade emocional e choros. Delírios e outros sintomas de psicose são frequentes, embora difíceis de avaliar nas fases finais da doença, devido à total perda de noção de lugar, tempo e da deterioração geral. Em geral a doença instala-se em pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes com início aos cinquenta anos. Podem aparecer vários casos numa mesma família, e também pode acontecer casos únicos, sem nenhum outro parente afetado, ditos esporádicos.

Prevenção

Estudos indicam relações entre factores alteráveis como dietas, risco cardiovascular, uso de produtos farmacêuticos ou atividades intelectuais e a probabilidade de desenvolvimento de DA.

A inclusão de fruta e vegetais, cereais, azeite, peixe, e vinho tinto, podem reduzir o risco da doença. Algumas vitaminas como a B12, B3, C ou a B9 foram relacionadas em estudos ao menor risco de desenvolvimento da doença, embora outros estudos indiquem que essas não têm nenhum efeito significativo no início ou desenvolvimento da doença e podem ter efeitos secundários. Algumas especiarias como a curcumina e o açafrão mostraram sucesso na prevenção da degeneração cerebral em ratos de laboratório.

O risco cardiovascular, derivado de colesterol alto, hipertensão, diabetes e o tabaco, está associado com maior risco de desenvolvimento da doença.

Já não se acredita que outros tratamentos farmacêuticos, como substituição de hormonios femininos, previnam a doença. Vários estudos foram realizados com o ginkgo biloba sem resultados consistentes ou replicáveis que pudessem comprovar algum efeito positivo na prevenção ou tratamento da doença.

Atividades intelectuais como ler, escrever, disputar jogos de tabuleiro (xadrez, damas, etc.), completar palavras cruzadas, tocar instrumentos musicais, ou socialização regular também podem atrasar o início ou a gravidade do Alzheimer.

Muitas vezes não é possível discernir todas as fases da doença. Pois um paciente que ainda está na primeira fase já pode apresentar dificuldades de locomoção por exemplo, e outro paciente que já se encontra em fase terminal ainda fala com fluencia (embora sejam frases sem sentido nenhum e até mesmo xingamentos).

Tratamento medicamentoso

O tratamento medicamentoso visa minimizar os sintomas e retardar ao máximo possível a evolução da doença. Os inibidores da acetilcolinesterase, atuam inibindo a enzima responsável pela degradação da acetilcolina que é produzida e liberada por algumas áreas do cérebro. A deficiência de acetilcolina é considerada um dos principais fatores da doença de Alzheimer, mas não é o único evento bioquímico/fisiopatológico que ocorre. Mais recentemente, um grupo de medicações conhecido por inibidores dos receptores do tipo NMDA (N-Metil-D-Aspartato) do glutamato entrou no mercado brasileiro, já existindo no europeu há mais de uma década. Um desses medicamentos, atua inibindo a ligação do glutamato, neurotransmissor excitatório do sistema nervoso central a seus receptores. O glutamato é responsável por reações deexcitotoxicidade com liberação de radicais livres e lesão tecidual e neuronal. Há uma máxima na medicina que diz que uma doença pode ser intratável, mas o paciente não.

Como a depressão e ansiedade são um problema constante na DA, é comum que os médicos prescrevam antidepressivos. Estes, além de melhorarem o humor, o apetite, o sono, o auto-controle e diminuirem a ansiedade, podem diminuir tendências suicidas e agressividade.
Medicamentos antipsicóticos, têm sido utilizados no intuito de facilitar os cuidados com o paciente, especialmente reduzindo as alucinações e a agressividade, que são comportamentos que ocorrem com a evolução da patologia.

Cuidadores

Conforme a doença avança aumentam as dificuldades para os familiares que se vêem tendo que cuidar, acompanhar e ajudar no tratamento de um familiar que não mais reconhece as pessoas e depende a maior parte do tempo do auxílio de alguém, até para realizar suas necessidades fisiológicas mais básicas. Os cuidadores são fundamentais para o tratamento do idoso com Alzheimer no ambiente domiciliar, mas nem todos os familiares estão preparados física e psicologicamente para conviver e cuidar de alguém que não os reconhece nem valoriza seus esforços. Por isso é importante o acesso às informações sobre a patologia e apoio psicosocial aos cuidadores.25 E o cuidador de paciente com Alzheimer frequentemente tem que lidar com irritabilidade, agressividade, mudanças de humor e de comportamento.

É recomendado a participação do cuidador em programas de cuidado ao idoso com Alzheimer para esclarecer dúvidas sobre a doença, acompanhar o tratamento, dar apoio psicológico e social para atenuar o esgotamento e o estresse gerados pela convivência com uma pessoa que a cada dia vai precisar de mais cuidado e atenção no ambiente domiciliar.

Os cuidadores são responsáveis pela manutenção da segurança física, redução da ansiedade e agitação, melhoria da comunicação, promoção da independência nas atividades de autocuidado, atendimento das necessidades de socialização e privacidade, manutenção da nutrição adequada, controle dos distúrbios do padrão de sono e transporte para serviços de saúde além das inúmeras atividades diárias de cuidado com o lar.

Custos sociais

A demência, e especificamente a doença de Alzheimer, podem estar entre as doenças mais dispendiosas para a sociedade na Europa e nos Estados Unidos, enquanto o seu custo em outros países, como Argentina, na ou Coreia do Sul, é também elevado e crescente. Estes custos irão provavelmente aumentar com a envelhecimento da sociedade, tornando-se um importante problema social. Os custos associados à doença incluem os custos médicos diretos, tais como o de enfermagem home care, custos diretos não-médicos, como acompanhantes, e os custos indiretos tais como a perda de produtividade tanto do paciente como de quem o cuida. Os números variam de um para outro estudo, mas os custos de demência no mundo inteiro foram calculados em cerca de 160 bilhões de dólares, enquanto os custos do mal de Alzheimer nos Estados Unidos podem ser de 100 bilhões de dólares anuais.